As escalas musicais são como os alicerces de um edifício na música. Elas proporcionam a estrutura básica sobre a qual melodias, harmonias e improvisações são construídas.
Quanto mais um músico se aprofunda no aprendizado de escala musical e coloca esse conhecimento em prática, inevitavelmente sua musicalidade aumentará, lhe possibilitando uma maior liberdade e criatividade durante a reprodução de uma música.
Além de ter uma liberdade e criatividade maiores, o músico que se dedica a estudar e praticar escalas consegue se expressar melhor através das notas musicais.
Pronto para aumentar sua musicalidade? Então, vamos começar a estudar sobre escala musical neste artigo.
Sumário do Conteúdo
O que é Escala Musical?
Em termos simples, uma escala musical é uma sequência ordenada de notas musicais que formam uma estrutura básica para compor melodias, harmonias e improvisações.
Cada escala consiste em uma série de tons e semitons, os quais são os intervalos de distância entre as notas.
Veja abaixo o exemplo de uma sequência de intervalos.
DÓ, RÉ, MI, FÁ, SOL, LÁ, SI, DÓ.
Essa é a escala musical de DÓ maior. Perceba que ela seguiu uma sequência de intervalos musicais e voltou para a nota inicial, o DÓ maior. Depois disso, o circuito de notas se repete.
As escalas musicais podem ser tanto ascendentes quanto descendentes.
Ascendentes começam da frequência de nota mais baixa (mais grave) para a frequência de nota mais alta (Mais aguda). Já as descendentes começam da nota mais aguda para a mais grave.
As escalas fornecem um conjunto de notas em um sistema tonal específico, permitindo que os compositores e músicos criem padrões melódicos e harmonias coerentes.
Importância das Escalas Musicais
As escalas musicais desempenham vários papéis importantes na música, incluindo:
Harmonia: na harmonia elas são usadas para construir acordes, que por sua vez formam a base da harmonia em uma peça musical.Os acordes são formados por notas retiradas de uma escala específica, proporcionando uma estrutura harmônica coesa.
Melodia: Nesse contexto elas fornecem o conjunto de notas a partir do qual as melodias são criadas.Melodias são sequências de notas tocadas em sucessão, e as escalas definem as notas disponíveis para criar essas sequências.
Improvisação: Elas fornecem aos músicos liberdade e criatividade para improvisarem durante a execução de uma música.A familiaridade com diferentes escalas musicais permite que os improvisadores criem solos expressivos e emocionantes.
Composição: Compositores as usam para desenvolver progressões de acordes e melodias em suas composições.Ao escolher uma sequência de notas específica, um compositor pode estabelecer um certo clima ou atmosfera para sua música.
Tipos Comuns de Escalas Musicais
Existem inúmeras escalas musicais, mas algumas são mais comuns e amplamente utilizadas do que outras. Aqui estão alguns dos tipos mais importantes:
Escala Maior
A maior é uma das mais básicas e amplamente reconhecidas. Ela é composta por sete notas e segue o seguinte padrão de tons e semitons: tom, tom, semitom, tom, tom, tom, semitom.
Por exemplo, a escala de Dó Maior é formada pelas notas: Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si, Dó.
Seguindo essa mesma estrutura podemos construir a escala maior das 12 notas existentes no sistema musical ocidental.
- Dó Maior (C Maior): C – D – E – F – G – A – B – C
- Ré Maior (D Maior): D – E – F♯ – G – A – B – C♯ – D
- Mi Maior (E Maior): E – F♯ – G♯ – A – B – C♯ – D♯ – E
- Fá Maior (F Maior): F – G – A – Bb – C – D – E – F
- Sol Maior (G Maior): G – A – B – C – D – E – F♯ – G
- Lá Maior (A Maior): A – B – C♯ – D – E – F♯ – G♯ – A
- Si Maior (B Maior): B – C♯ – D♯ – E – F♯ – G♯ – A♯ – B
- Dó# Maior (C♯ Maior): C♯ – D♯ – F – F♯ – G♯ – A♯ – C – C♯
- Ré# Maior (D♯ Maior): D♯ – F – G – G♯ – A♯ – C – D – D♯
- Fá# Maior (F♯ Maior): F♯ – G♯ – A♯ – B – C♯ – D♯ – F – F♯
- Sol# Maior (G♯ Maior): G♯ – A♯ – C – C♯ – D♯ – F – G – G♯
- Lá# Maior (A♯ Maior): A♯ – C – D – D♯ – F – G – A – A♯
Cada uma dessas doze notas segue uma sequência de tons e semitons formando a estrutura da escala maior.
Escala Menor
A menor tem uma sonoridade mais melancólica em comparação com a maior e é construída seguindo a seguinte estrutura de intervalos: tom, semitom, tom, tom, semitom, tom, tom.
Observe na imagem abaixo como fica a escala de Dó menor, seguindo o padrão de intervalos mencionado acima.
Você percebeu que nessa forma de escrita, usando os símbolos de sustenido, as notas (Mi) e (Si) não aparecem?
Isso acontece porque as notas Ré#, Sol# e Lá# são equivalentes às notas Mib, Láb e Sib. Esse fenômeno musical é conhecido como enarmonia, o que significa que um som pode ser identificado por mais de um nome.
Entendido esse conceito, poderíamos reescrever essa sequência de notas substituindo os sustenidos pelos bemóis.
Agora todas as notas estão representadas, incluindo o Mi, que nesse caso é o Mib (Ré#) e o Si que nesse contexto é o Sib (Lá#).
Tanto o uso da primeira forma, como o da segunda maneira de escrita dessa escala não faz diferença nenhuma sonoramente.
A utilização da segunda forma de escrita geralmente é mais comum, porque facilita a análise das funções harmônicas.
Pentatônica
A escala pentatônica consiste em apenas cinco notas e é utilizada em uma variedade de estilos musicais, incluindo o blues, o rock e a música popular. Sua estrutura simplificada a torna fácil de usar para improvisação e composição.
Pentatônica maior
A pentatônica maior é derivada da escala maior com a ausência do 4° e do 7° grau.
Observe abaixo o exemplo da pentatônica de Dó maior:
Dó, Ré, Mi, Sol, Lá.
Essa é a forma mais comum de pentatônica maior.
Pentatônica menor
A pentatônica menor é derivada da menor natural e segue a mesma lógica de construção da pentatônica maior, porém, com a ausência do 2° e do 6° grau.
Veja o exemplo da sequência de intervalos na pentatônica menor de Dó:
Dó, Mib, Fa, Sol, Sib
Nessa sequência de intervalos as notas Ré e Láb foram retiradas.
Observe que essa pentatônica menor contém o seguinte padrão de intervalos:
- C (tônica)
- Eb (terça menor)
- F (quarta justa)
- G (quinta justa)
- Bb (sétima menor)
Distância de intervalos da estrutura acima:
1,5 + 1 + 1 + 1,5 + 1.
- Tom e meio
- Tom
- Tom
- Tom e meio
- Tom
Esse é o padrão de intervalos de escala pentatônica menor mais usado.
Leia também os artigos abaixo!
Cromática
A cromática é uma escala musical composta por doze notas, cada uma separada por um semitom. Ela inclui todas as notas possíveis em uma oitava, sem pular nenhuma.
As notas são nomeadas usando letras do alfabeto (A, B, C, D, E, F, G) e os acidentes (sustenidos ♯ e bemóis ♭) para indicar variações de altura.
Veja o exemplo da estrutura da escala cromática de DÓ maior:
C – C#(Db) – D – D#(Eb) – E – F – F#(Gb) – G – G#(Ab) – A – A#(Bb) – B
Dó – Dó#/Réb – Ré – Ré#/Mib – Mi – Fá – Fá#/Solb – Sol – Sol#/Láb – Lá – Lá#/Sib – Si
Essas representações mostram as doze notas da escala cromática de Dó maior em ordem, começando com Dó e terminando com Si. Cada nota está separada pela distância de um semitom.
Modos Gregos
Os modos gregos são uma série de escalas musicais que foram desenvolvidas na Grécia Antiga e tem grande influência na música ocidental.
Cada modo é uma sequência específica de tons e semitons dentro de uma oitava, e cada um tem um caráter e uma sensação distintos.
Os nomes dos modos gregos são derivados das seguintes antigas regiões gregas, dórico (Dória), frígio (região da Frígia), lídio (região da Lídia), jônio (região da Jônia), eólio (região da Eólia).
Além dos modos acima, existe o modo mixolídio, que é uma mistura dos modos lídio e dórico.
Existe também o sétimo modo, o lócrio, mas raramente é utilizado.
Estrutura dos Modos Gregos
Os modos gregos são essencialmente escalas diatônicas, cada uma começando em uma nota diferente dentro da escala maior, mas mantendo a mesma sequência de intervalos.
Existem sete modos gregos, cada um com sua própria identidade sonora, veja a seguir a estrutura desses modos:
Vamos ver os Exemplos a partir da escala diatônica de Dó (C):
- Jônio:
- Sequência de Intervalos: Tom – Tom – Semitom – Tom – Tom – Tom – Semitom
- Sequência de notas: Equivalente à maior diatônica, iniciando da tônica, que é Dó: C–D–E–F–G–A–B–C.
- Dórico:
- Sequência de Intervalos: Tom – Semitom – Tom – Tom – Tom – Semitom – Tom
- Sequência de notas: Similar à menor natural, mas com a sexta nota elevada. Usa as mesmas notas de C maior, começando em Ré: D–E–F–G–A–B–C–D.
- Frígio:
- Sequência de Intervalos: Semitom – Tom – Tom – Tom – Semitom – Tom – Tom
- Sequência de notas: Caracterizado pela segunda menor. Usa as mesmas notas de C maior, começando em Mi: E–F–G–A–B–C–D–E.
- Lídio:
- Sequência de Intervalos: Tom – Tom – Tom – Semitom – Tom – Tom – Semitom
- Sequência de notas: Conhecido pela quarta aumentada. usa as mesmas notas de C maior, começando em Fá: F–G–A–B–C–D–E–F.
- Mixolídio:
- Sequência de Intervalos: Tom – Tom – Semitom – Tom – Tom – Semitom – Tom
- Sequência de notas: Tem a sétima menor. Usa as mesmas notas de C maior, começando em Sol: G–A–B–C–D–E–F–G.
- Eólio:
- Sequência de Intervalos: Tom – Semitom – Tom – Tom – Semitom – Tom – Tom
- Sequência de notas: Correspondente à menor natural. Usa as mesmas notas de C maior, começando em Lá: A–B–C–D–E–F–G–A.
- Lócrio:
- Sequência de Intervalos: Semitom – Tom – Tom – Semitom – Tom – Tom – Tom
- Sequência de notas: Possui a segunda menor e a quinta diminuta. Usa as mesmas notas de C maior, começando em Si: B–C–D–E–F–G–A–B.
Escalas Simétricas
Escalas simétricas são fascinantes pela sua estrutura uniforme e pela facilidade com que podem ser aplicadas em diversas situações musicais.
Um exemplo primordial dessa simetria é a escala cromática. Ela é composta por uma sequência ininterrupta de semitons, ou seja, a distância entre cada nota é sempre de um semitom.
Essa uniformidade na distância entre as notas é o que confere à estrutura de intervalos cromática sua característica simétrica.
Quando a tocamos de forma ascendente, partindo de uma nota e seguindo para a próxima em ordem crescente, ou de forma descendente, indo da nota mais alta para a mais baixa, seguimos a mesma lógica intervalar: um semitom em cada movimento.
Essa simetria na estrutura da escala cromática a torna especialmente útil em diversas situações musicais.
Por exemplo, na improvisação, os músicos podem empregar o cromatismo para criar tensão ou colorir suas melodias com notas adicionais.
Além disso, o cromatismo é frequentemente utilizado em exercícios de técnica instrumental para desenvolver agilidade e familiaridade com o instrumento.
Outro exemplo simétrico é a escala diminuta (também conhecida como escala de tons-semitons). Sua estrutura é formada por uma alternância de tons e semitons, seguindo a sequência: tom – semitom – tom – semitom, e assim por diante.
Assim como na cromática, a estrutura intervalar da escala diminuta é simétrica, o que significa que ela pode ser tocada de forma ascendente ou descendente seguindo a mesma sequência de intervalos.
As sequências de intervalos simétricos, como a cromática e a diminuta, apresentam uma estrutura intervalar uniforme que permanece consistente independentemente da direção em que são tocadas.
Escalas Assimétricas
Escalas assimétricas são aquelas cuja estrutura de intervalos não é simétrica em relação à sua execução ascendente e descendente.
Um exemplo clássico é a escala maior, onde a sequência de intervalos é tom–tom–semitom–tom–tom–tom–semitom.
Se examinarmos esses intervalos na direção descendente, a sequência de intervalos seria semitom–tom–tom–tom–semitom–tom–tom. Assim, a ordem dos intervalos é diferente dependendo da direção em que ela é tocada.
Essa assimetria é uma característica comum na maioria das escalas musicais. Cada uma delas possui sua própria sequência de intervalos distintiva que cria sua identidade sonora única.
Essa sequência de intervalos assimétricos contrasta com os simétricos, onde a sequência de intervalos permanece a mesma, independentemente da direção em que são tocadas.
As estruturas de intervalos assimétricas fornecem uma variedade de cores tonais e padrões melódicos que contribuem para a riqueza da música. Elas podem ser exploradas de várias maneiras pelos compositores e músicos para criar diferentes atmosferas e emoções.
Por outro lado, as simétricas são peculiares porque têm uma sonoridade distinta e pode ser facilmente identificável.
Por exemplo, a sequência de notas cromática é completamente simétrica, consistindo apenas de semitons sucessivos. Esse padrão simétrico cria uma sensação de tensão e instabilidade que pode ser explorada de forma criativa na composição musical.
As estruturas de intervalos assimétricas são comuns na música, fornecendo uma ampla variedade de possibilidades tonais e melódicas. No entanto, as estruturas intervalares simétricas se destacam por sua estrutura distintiva e sonoridade peculiar, oferecendo um elemento único e reconhecível na música.
Conclusão
As escalas musicais são essenciais para a compreensão e criação de música em todos os gêneros e estilos.
Ao fornecer um conjunto organizado de notas, as escalas servem como a base para a harmonia, a melodia, a improvisação e a composição.
Para músicos de todos os níveis, estudar teoria musical e compreender as escalas, assim como saber aplicá-las na prática, é essencial para aprofundar suas habilidades e entendimento musical.